sexta-feira, 22 de novembro de 2019

Há 139 anos foi fundado o Liceu de Humanidades de Campos

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No dia 22 de novembro do ano de 1880 (há 139 anos), foi fundado o Liceu de Humanidades de Campos.

O nascimento do Liceu de Campos remonta aos auspícios da organização do ensino brasileiro, no Período Regencial, com a decisão de que o ensino secundário seria promovido e administrado pelos governos provinciais (hoje estaduais). A cogitação de um estabelecimento no norte fluminense registrou-se em 1844 através da edição da lei provincial n° 143 de 14 de março daquele ano, em seu artigo 1°:
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Haverá na cidade de Campos dos Goitacazes um liceu provincial

Em 11 de abril de 1847, o Liceu Provincial de Campos finalmente foi inaugurado, contando inclusive com a presença do imperador D. Pedro II. Uma série de percalços haveriam de extinguir o colégio em 30 de abril de 1858. Em 22 de novembro de 1880 foi refundado com a denominação atual, através do decreto provincial n° 2.503, e daí em diante prosperou até os dias de hoje.

As instalações do Liceu
O primeiro colégio sempre funcionara em instalações provisórias. O segundo cessaria este ciclo itinerante em 1883, quando figuras proeminentes da cidade mobilizaram-se e angariaram fundos para a instalação do educandário em uma sede definitiva. Com 14 contos de réis angariados da população e 11 doados pela Câmara Municipal, em 12 de dezembro daquele ano, a comissão arremata em leilão, o palacete de estilo neoclássico do espólio de José Martins Pinheiro, o Barão da Lagoa Dourada, um dos mais ricos edifícios da cidade naquela época. O solar foi construído entre 1861 e 1864 para abrigar a família do nobre até a fatalidade de seu suicídio. A instalação no prédio deu-se no dia 1 de março de 1884.
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Desta forma, com um prédio próprio, o ensino do Liceu de Campos dos Goytacazes adquiriu excelência, e se tornou uma escola de porte secundário equiparada ao Colégio Pedro II do Rio de Janeiro. Era a única instituição de ensino público do interior da província na época que apresentava ensino de qualidade, uma vez que o Liceu Provincial de Niterói, e seu sucedânio - o Liceu de Humanidades de Niterói - haviam sido extintos.

Protesto
No dia 8 de Março de 2013, centenas de alunos do Liceu de Humanidades de Campos fizeram um protesto no centro da cidade de Campos dos Goytacazes parando as principais avenidas da área central da cidade, com destino a Coordenadoria de Educação do Estado, localizado enfrente a rodoviária velha.
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Alunos em protesto
Os Alunos revindicaram melhorias na estrutura da escola, como ar-condicionados, ventiladores e mais salas (o colégio na época passava em reformas em algumas salas). O protesto organizado pelo Grêmio estudantil da escola teve forte repercussão na mídia estadual com grandes jornais locais como: O Diário, Folha da Manhã, Jornal Terceira Via, Inter TV Planície e Record Campos. 
Os alunos só saíram de frente da Coordenadoria quando o responsável pela unidade assinou um documento informando que está ciente e que iria fazer alguma coisa.

Consequências
O protesto feito pelos alunos da escola trouxe diversas consequências, boas e ruins, o protesto trouxe para o projeto de reforma da escola os ar-condicionados, de contrapartida por consequência das obras o colégio ficou sem espaço para todas as turmas, gerando mais um protesto no dia 08 de julho de 2013 com a finalidade de banir a ideia que 14 turmas terem que estudar no CEJOPA (Colégio Estadual José Do Patrocínio), o período repercutiu na mídia como o anterior, destacando a presença dos pais dos alunos no protesto.
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Atualidades
Em 1894 foi criada a Escola Normal de Campos (ENC) e esta se associou ao Liceu. Em 1954 voltam a ser desmembradas e a Escola Normal passou a denominar-se Instituto de Educação de Campos. Na década de 1960 um prédio anexo foi construído devido à crescente valorização do ensino secundário. Na década de 1990 outro pavilhão foi construído e o prédio principal do solar foi transformado num centro cultural, restando apenas funcionar ali a diretoria, a biblioteca e o Arquivo Histórico do LHC. As turmas foram redistribuídas nas unidades anexas. O prédio foi tombado pelo Instituto Estadual de Patrimônio Cultural (INEPAC) em 27 de janeiro de 1988.

Alunos ilustres
A influência do Liceu causou profundas modificações na sociedade campista. Uma cidade atrasada, agrícola, foi transformando-se em uma sociedade urbana, com a inserção de novos ideais. Um destes acabou por transformar o próprio regime de governo do país - o regime republicano. Um dos seus maiores representantes na cidade foi o ex-liceísta Nilo Procópio Peçanha - ex-senador, duas vezes governador do estado do Rio de Janeiro, ex-Presidente da República e o primeiro político a impor vigorosa influência sobre todo o estado. Também ali estudaram Nina Arueira e Clóvis Tavares que, no início da década de 1930, militaram na União da Juventude Comunista.
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Curiosidade
Em seu primeiro dia de aula, o adolescente Nilo Peçanha levou para a sala de aula sua égua de estimação "Tininha". O professor ordenou que levasse o animal de volta para casa.

Hino do colégio
Letra e musica: Alcidia Perez Pia

Na planície goitacá;

De tão grande tradição;

Representa o Liceu;

Um padrão na educação.

Coro:

Liceístas, sempre avante;

Pela glória do Liceu;

Que evocamos com orgulho;

Ó Liceu! Liceu! Liceu!

Grandes vultos o Liceu;

Ao Brasil já pode dar;

São exemplos a seguir;

Para nossa terra honrar.

Coro

Entoemos com amor;

Nosso hino ao Liceu;

Por aquilo que fará;

Pelo muito que já deu.


Coro
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Ícone da próspera economia rural do século XIX na região, o Solar foi construído para residência de um Barão. Em 1883 foi adquirido para que nele se instalasse o Liceu de Humanidades de Campos.

Originalmente residência do Barão e da Baronesa da Lagoa Dourada, o edifício, desde sua construção, manteve forte relação com a cidade de Campos. Atas de reuniões da Câmara Municipal apresentam pedidos do Sr. José Martins Pinheiro, o Barão, rico fazendeiro da cidade, vereador, juiz de paz e pessoa envolvida com o processo de urbanização e com outras causas sociais – haja vista que foi agraciado pelo Imperador com o título nobiliárquico por ter auxiliado, financeiramente, no envio dos “Voluntários da Pátria” à Guerra do Paraguai – de abertura de rua em frente ao prédio, considerado, à época, distante da área urbana central.
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Mandado construir na parte mais alta da cidade, longe das enchentes que assolavam outros locais – por serem mais baixos e próximos do Rio Paraíba do Sul – o Solar foi percebido na cidade como majestosa, rica e moderna obra de arquitetura.

Os jornais noticiaram, à época da inauguração do palacete, ao som de música e dança, que “era o mais rico edifício e o do melhor gosto que hoje se encontra na nossa cidade e seus subúrbios”. Ali havia se instalado um aparelho que produziria gás, o que dá provas que não tinham sido poupados esforços para dotar a residência dos mais modernos avanços tecnológicos, à época.
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A função “de moradia” do prédio durou pouco tempo, porém. Em 1883, após suicídio do Barão, o edifício foi levado a leilão e adquirido, pela Câmara Municipal, para ser o Liceu de Humanidades da cidade de Campos.

Em 22 de novembro de 1880 foi criado o Liceu de Humanidades de Campos, pelo Decreto Estadual n° 2503. Seu regulamento foi aprovado em 21 de outubro de 1881, sendo Presidente da Assembléia Legislativa Provincial João Marcellino de Souza Gonzaga. 
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“Em novembro (de 1883) já estavam angariados 14 contos para a aquisição do prédio. Uma comissão nomeada para escolher o edifício, composta do Dr. Manoel Francisco de Oliveira, Dr. Manoel Rodrigues Peixoto e comendador Antonio Manoel da Costa, preferiu o do então falecido Barão da Lagoa Dourada, sendo arrematado em praça do espólio, 12 de dezembro, pela quantia de 25 contos. Para lo9go, o Presidente da Província, José Godoy e Vasconcellos, em vista da doação feita pela Câmara Municipal de Campos, doação essa aprovada em sessão de 28 de dezembro, mandou fazer a necessária instalação.”

Enfim, em 1884, o Liceu começou a funcionar num prédio cuidadosamente escolhido para representar a importância que a educação escolar passava a ter no novo projeto de país-republicano – que seria vitorioso apenas quatro anos mais tarde. Importante ressaltar a influência de Campos na luta pela abolição do sistema escravocrata e do regime imperial no Brasil.
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A mudança de função do prédio, por outro lado, implicava em modificações que o configurassem como educandário, ou seja, de prédio familiar deveria ser adaptado às novas funções. Algumas dessas modificações, não muitas, aconteceriam logo nos primeiros anos. No ano de 1886, por exemplo, foram mandadas construir ‘latrinas para os alunos e reparos das destinadas aos professores’ (Relato do Presidente da Província, 1883, p. 33). Outras iriam ocorrer posteriormente, com a criação da Escola Normal e da Escola Modelo e com a expansão da escolarização pública a partir dos anos 1960.

As condições climáticas da cidade também determinaram alguns cuidados tomados, à época, seguindo conceitos ‘científicos’. Os preceitos higiênicos de então concebiam a cidade como lugar que deveria ser livre de doenças e de desorganização, com saúde garantida por obras de saneamento que excluiriam tudo que significasse doença, física ou social.
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Apenas quatorze anos depois, o Engenheiro Saturnino de Brito foi contratado para dar início a um projeto de saneamento geral para Campos, marcado pela racionalidade técnica e econômica e provocando ‘uma nova leitura da cidade como organismo vivo em crescimento e como objeto de intervenção’, o que representava uma preocupação política e social de alguns campistas.

Consideramos, ademais, que a localização de uma escola secundária do porte do Liceu – equiparado ao Colégio Pedro II em 1901 e único do tipo no interior do Estado durante o fechamento do Liceu de Niterói – num prédio aristocrático foi um marco na urbanização da cidade de Campos, pois se constituiu em símbolo do ‘moderno’ em área da cidade distante da Câmara, da Matriz de São Salvador e do grande comércio.
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Em relatório do Diretor do Liceu e da Escola Normal ao Secretário do Interior, encontrado recentemente, são descritas adaptações necessárias para o bom funcionamento das escolas: “... as dependências térreas do prédio do Lyceu formam um grande quadrado com uma área central onde vão ser as portas e janellas destas aulas. Estas dependências foram transformadas em onze espaçosas salas, satisfazendo a todas as condições hygienicas... Dá ingresso aos alumnos para a Escola Normal o grande portão do lado esquerdo contiguo ao corpo central do edifício do Lyceu, em cujo pavimento inferior estão as salas de espera das alumnas, a da toilette e uma outra onde estão installadas duas latrinas do systema ‘Unitas’, observadas no seu assentamento todas as condições exigidas pela hygiene. As escolas de applicação são também servidas por duas latrinas do mesmo systema.”

A política de valorização do ensino secundário possibilitou a expansão das matrículas e fez necessária a construção de um prédio anexo, do lado esquerdo do Solar, na década de 1960. Esse prédio, que em nada respeitou o elegante estilo neoclássico da antiga residência do Barão da Lagoa Dourada, foi denominado “Pavilhão João Tavares da Hora”, em homenagem ao estimado professor e diretor do Liceu.
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Em meados da década de 1990 uma nova política estadual foi aventada: ocupar o Solar como um Centro Cultural ligado à Secretaria Estadual de Cultura. Foi iniciada, então, uma ampla restauração do edifício, ao mesmo tempo em que outro anexo, o “Pavilhão Yvan Senra Pessanha”, homenagem a um ex-aluno, era construído na parte dos fundos, à direita.

Os en(cantos) do Solar - o Salão Nobre, a Escadaria, o Mirante, a Sala de Jantar retomaram as funções primeiras. São admirados pelos visitantes como elementos de um rico casarão.
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A mudança da função de prédio, de solar familiar a instituição educativa, é uma característica que não pode ser negligenciada, principalmente porque é um vestígio das políticas educacionais da época. Ainda, essa mudança de função de prédio não se constituiu em fato isolado na cidade, tendo os antigos casarões da época do Império se transformado para albergar novos ocupantes e usos nos limiares do século XX: o Solar do Visconde de Araruama tornou-se Câmara Municipal e o Solar do Comendador Paraíba, o Hotel Gaspar. Mudança esta que não estava desvinculada das transformações pelas quais atravessava a sociedade brasileira, decorrentes de um novo projeto modernizador.

São palavras de Coelho Neto representativas, elas mesmas, do significado da mudança da função do prédio e da mudança da sociedade:“É a mais grata impressão que levo do estabelecimento, solar de um antigo senhor, hoje seminário fecundo. Depois de semeador da terra, o semeador das almas. Prefiro a última lavoura.” 
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Para quem estudou no LICEU nunca se denomina ex-liceísta. São todos eternamente liceístas. Com orgulho desmedido por ter passado por estes bancos escolares, de lembranças maravilhosas e de construção do futuro. O LICEU é o colégio estadual mais procurado pelos pais, em toda região norte do Estado do Rio de Janeiro, que desejam que seus filhos sejam liceístas.

quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Há 180 anos, fuga de escravo era publicada no Jornal Monitor Campista

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No dia 20 de novembro do ano de 1839 (há 180 anos), o fazendeiro Antonio Figueiredo publicou no Jornal Monitor Campista, um anúncio de fuga de escravo com o nome de José, que tinha as iniciais “AF” marcadas nas nádegas. Essas letras eram as iniciais do nome de seu proprietário.


ESCRAVIDÃO EM CAMPOS

Solar do Barão de Carapebus

O maior engenho da região possuía 1.400 escravos.

A produção açucareira teve um crescimento contínuo e progressivo que motivou também um comércio crescente de escravos. Antes da abolição, o município tinha 35.688 escravos sobre um total de população livre de 56.000 habitantes.

Após a abolição, a maior parte dos antigos escravos continuou trabalhando como cortadores de cana nas fazendas da região. A fazenda Novo Horizonte, localizada nas proximidades de Conceição do Imbé, era uma das maiores e os antigos escravos, que viraram cortadores de cana assalariados após a abolição, continuaram a morar nas dependências da usina.

Representação dos escravos que trabalhavam nos engenhos.
No final do século XVIII, a região de Campos concentrava o maior número de escravos do Rio de Janeiro: 60% da população era escrava. 

Os africanos eram negociados no Rio de Janeiro, e enviados em embarcações para a região do Norte Fluminense. A maioria dos escravos vinham para trabalhar nos engenhos de açúcar.

Solar dos Airizes
DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA
O Dia Nacional da Consciência Negra é celebrado, no Brasil, em 20 de novembro. Foi criado em 2003 como efeméride incluída no calendário escolar — até ser oficialmente instituído em âmbito nacional mediante a lei nº 12.519, de 10 de novembro de 2011, sendo feriado em cerca de mil cidades em todo o país e nos estados de Alagoas, Amazonas, Amapá, Mato Grosso e Rio de Janeiro através de decretos estaduais. Em estados que não aderiram à lei a responsabilidade é de cada câmara de vereadores, que decide se haverá o feriado no município.
A ocasião é dedicada à reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira. A data foi escolhida por coincidir com o dia atribuído à morte de Zumbi dos Palmares, em 1695, um dos maiores líderes negros do Brasil que lutou pela libertação do povo contra o sistema escravista. O Dia da Consciência Negra é considerado importante no reconhecimento dos descendentes africanos e da construção da sociedade brasileira. A data, dentre outras coisas, suscita questões sobre racismo, discriminação, igualdade social, inclusão de negros na sociedade e a cultura afro-brasileira, assim como a promoção de fóruns, debates e outras atividades que valorizam a cultura africana.

sábado, 16 de novembro de 2019

Há 55 anos os bondes paravam suas atividades em Campos

O dia 16 de novembro do ano de 1964 (há 55 anos), foi o último dia de funcionamento dos Bondes em Campos dos Goytacazes. O bonde elétrico de nº 14, trafegou pela última vez em seu itinerário na linha Caju – Centro. Aqui vemos o número 14, no fim da linha, em frente ao cemitério, pouco antes de retirar-se definitivamente para a garagem de bondes.
Campos também adquiriu alguns bondes de segunda mão do sistema de Niterói no final de 1940. O cartão abaixo, datado de novembro de 1947, traz foto tirada com a piscina do Clube de Regatas Saldanha da Gama em primeiro plano e, ao fundo, um bonde não identificado seguindo a margem do Rio Paraíba próximo a Praça São Salvador. No local deste clube hoje se encontra o edifício de um Shopping Center.
Voltando no tempo de nossa Campos dos Goytacazes , atravessada pelo rio Paraíba do Sul, na parte oriental do Estado do Rio de Janeiro, a 40 km do mar e a 275 km a nordeste da cidade do Rio de Janeiro... Foi um dos centros da indústria de açúcar do Brasil e tinha uma população de 30.000 habitantes em 1910. Hoje já passa de  meio milhão... Campos distingue-se por ser a primeira cidade do Brasil – antes mesmo de Rio de Janeiro e São Paulo – a instalar, em 24 de junho de 1883, iluminação elétrica em suas ruas.
A ferrovia de locomotivas a vapor, carinhosamente chamadas de “Marias-Fumaça”, que ligava Niterói e Macaé, estendeu-se a Campos em janeiro de 1875 e a empresa Ferro-Carril de Campos instalou uma linha de bonde à tração animal ao longo da Av. Alberto Torres, entre a Estação do Saco e a Praça São Salvador, em setembro deste mesmo ano.
O bonde à tração animal seria o único transporte público da cidade pelos próximos 41 anos. Em 1891 começou-se a discutir a construção de uma linha que atravessasse o rio, mas nada se concretizou. A foto a seguir mostra a linha de bondes da Av. 15 de Novembro (Beira-Rio) bloqueada por uma das frequentes enchentes do rio Paraíba.
O bonde se espalhou pela cidade. De acordo com o Anuário Estatístico do Brasil, a companhia Ferro-Carril de Campos operava 20 carros para passageiros e 5 carros bagageiros destinados ao transporte de cargas, através de 16 km de trilhos em 1912. O sistema transportava 1.982 mil passageiros e tinha 71 funcionários e 181 mulas.
O chassi possuía dois motores, um na dianteira e outro na traseira. Com este arranjo o bonde podia inverter a direção do movimento sem a necessidade de realizar manobras
O cartão seguinte é uma foto que olha para o sul, através da Rua 13 de Maio em direção a sua junção com a Rua 7 de Setembro. Atualmente estas ruas são para pedestres apenas
Este bonde vem direção à Av. Pelinca, que está por trás do fotógrafo. A vista é para o leste. Os guarda-corpos à esquerda e à direita da foto são parte da ponte sobre o Canal Campos-Macaé, que esta linha do bonde atravessa.
Dois bondes elétricos no lado leste da Praça São Salvador em frente ao belo prédio da sede da Sociedade Musical Lira de Apolo. O bonde visto parcialmente no canto direito da imagem parece ser um modelo de carga. Os automóveis e roupas sugerem 1920, mas o cartão postal foi enviado em 1928.
A seguir o bonde de número 1 (um) em um local não identificado na linha Goytacazes.
Abaixo outro cartão postal com um bonde que corre ao longo do parque da Beira-Rio na mesma Av. 15 de Novembro.
A cena do cartão postal abaixo mostra um dos novos bondes elétricos que passam o obelisco na Av. 15 de Novembro (Beira-Rio).

16/11/1964, imediatamente antes da derradeira viagem: o bonde tinha chegado ao Cemitério do Caju e está a ser preparada a viagem de regresso ao Depôt, pela última vez. O homem no estribo (sem boné) e o que segura uma folha de papel choram. 
A cidade foi a primeira no Brasil - até mesmo antes de Rio de Janeiro e São Paulo - a contar com iluminação pública elétrica, em 24/6/1883, mas foi a 32ª cidade brasileira (uma das últimas) a instalar bondes elétricos.
Em 19/9/1875, a Ferro-Carril de Campos inaugurou um serviço de bondes com tração animal que foi o único transporte sobre trilhos na cidade por 41 anos. Já em 1891 começaram a surgir propostas para construir uma linha através do rio em Guarulhos, mas nada se materializou.
A Companhia Brasileira de Tramways, Luz e Força (CBTLF) foi organizada em 13/8/1914 e, depois de muitos atrasos, testou o primeiro bonde elétrico em Campos em 28/9/1916. A exploração comercial da linha - que tinha bitola métrica -  começou em 14/10 e o sistema de bondes elétricos foi inaugurado formalmente em 5/11/1916, na presença do governador do Rio de Janeiro, Nilo Peçanha, e do presidente brasileiro, Wenceslau Braz.

Em 1918, o sistema foi fechado devido a problemas elétricos e alguns dos veículos foram adaptados para rodar com gasolina. A operação elétrica retornou e o sistema foi municipalizado em 1923, passando para a empresa Serviços de Força, Luz e Viação em 1928, para a Serviços Industriais do Estado em 1934, e, finalmente, para a Serviços Industriais do Norte do Estado (Sine) em 1942. Em 1940, o sistema de bondes de Campos adquiriu dez veículos fechados que pertenciam ao abandonado sistema de bondes de Petrópolis e, após a Segunda Guerra Mundial, adquiriu bondes abertos que haviam sido usados por Niterói.
Em 1958 o Sine comprou nove trólebus Vetra franceses que haviam sido usados por Niterói e substituiu os veículos usados nas linhas próximas a estação ferroviária. Ônibus a diesel foram colocados em outras rotas nos  anos seguintes e o último bonde em Campos, de prefixo 14, rodou até o cemitério do Caju em 15/11/1964. O serviço de trólebus foi encerrado em 12/6/1967 e os veículos foram vendidos em Volta Redonda, para desmanche.

O bonde 14 remanescente foi mostrado no centro cívico Oswaldo Lima em outubro de 1977. Dez anos depois, personalidades da cidade formaram a "Comissão Bonde 14" para restaurá-lo e preservá-lo em um museu.
Com informações de BETH LANDIM
col. Carlos Wehrs